quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Terceira idade entra na onda da internet


O acesso à internet atingiu no ano passado 1,676 milhões de domicílios. Entre 2005 e 2009, segundo o IBGE, o percentual de pessoas que utilizaram a rede mundial de computadores foi maior entre os jovens: 71,1% das pessoas de 15 a 17 anos. Em seguida vieram as pessoas de 18 ou 19 anos (68,7% de acessos). A faixa etária que menos utilizava a internet foi a de 50 anos ou mais: 15,2%, mas esse contingente de usuários cresceu 138% no período. Prova do crescente interesse dos mais velhos em entrar no “mundo digital” pode ser vista no curso de informática da Universidade da Terceira Idade. Entre os alunos está a aposentada Lúcia Almeida que acaba de adquirir seu primeiro notebook. “Hoje em dia tudo é informática”, afirma.
Texto: Felipe Shikama
Fotos: Teylor Soares
“Nunca é tarde para a gente aprender aquilo que a gente não conhece”, resume o aposentado João Bosco dos Santos, 67 anos. Ao lado de sua namorada, Mirian Valderez Petrungaro, 61 anos, e outros trinta alunos – todos com mais de sessenta anos -, o casal assiste atenciosamente à aula de informática da Universidade da Terceira Idade. 
O projeto de extensão comunitária da Universidade de Sorocaba (Uniso), realizado no câmpus Seminário, oferece a oportunidade aos seus participantes de se conectarem com o tão falado “mundo digital”. “Hoje em dia tudo é informática”, constata a aposentada Lúcia de Almeida Conceição que, sem revelar a idade, afirma ter ultrapassado a casa dos 80 anos. 
Integrada às novas tecnologias, dona Lúcia acaba de adquirir um notebook para praticar em casa os ensinamentos recebidos em sala de aula. “Tem que exercitar, senão não aprende. A aprendizagem é a prática”, constata. Aos poucos, seguindo orientação da professora Maria Ancilla, mestre em Educação, o grupo de alunos vai dominando o manejo do mouse. 
Professora Maria Ancilla: "Eles vêm porque querem conhecer o novo"
Cuidadosamente eles preenchem o campo de busca do Google com a palavra-chave desejada e, ao pressionarem a tecla “Enter”, como num passe de mágica, um novo universo parece se abrir diante da tela. “O computador já não um bicho de sete cabeças para mim. Antes, eu não sabia nem ligar. A gente está aprendendo tudo aqui, porque antes a gente era ‘analfabeto’ de computador’”, comenta dona Mirian, ao ver, em poucos segundos, os milhares de resultados de sua pesquisa virtual sobre aquecimento global. 
Embora se considere uma novata no ambivalente mundo virtual, dona Lúcia almeja “ficar a par de todo conhecimento do mundo”. Outro objetivo, menos pretensioso, é o de “consultar o extrato bancário sem sair de casa”.   
Motivação e superação - A professora Maria Ancilla conta que ao contrário dos mais jovens, cujos conhecimentos avançados em informática e internet são cada vez mais impostos pelo mercado de trabalho, o grupo da terceira idade tem como diferencial a motivação interna. “Eles estão aqui porque não tiveram a oportunidade de aprender isso na época em que eles eram mais jovens. Eles são estimulados pelo interesse pessoal e vêm porque querem conhecer o novo e, portanto, o resultado é mais efetivo”, destaca. 
JOão Bosco dos Santos e sua namorada Mirian Petrungaro navegam pelo mundo virtual
A motivação de João Bosco dos Santos em aprender as minúcias do “www”é admirada por seus amigos e familiares. “Existe uma gama de assuntos que ainda a gente nunca teve acesso, mas através da internet, a gente vem aprender esse conhecimento. Então eu digo a eles que é importante a gente sacrificar parte do tempo da gente para deter mais conhecimento”, pontua o aposentado. 
Respeitando as próprias limitações, dona Lúcia constata a admirável habilidade das crianças em acessar a internet. “A gente vê meninos de três, quatro anos que já sabem fazer tudo automaticamente. Parece que eles já nascem sabendo. Acho que quanto mais velho somos, parece que a gente tem mais dificuldade. Fácil, fácil não é, mas não é impossível”, comenta dona Lúcia. 
 Além de considerar a internet uma importante ferramenta de entretenimento e informação, dona Mirian encara seu aprendizado à frente do computador como uma espécie de terapia. “Quando você se aposenta, chega numa certa idade que acha que tudo pára e não é assim, tem que acompanhar, dar prosseguimento na sua vida. Isso é bom para o físico e para a mente”, recomenda dona Mirian.

Fonte: http://felipeshikama.wordpress.com/2010/09/20/terceira-idade-entra-na-onda-da-internet/

Terceira idade recebe diplomas do DF Digital

29/10/2010

A Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT) promoveu nesta quarta-feira (27) mais uma formatura do programa Geração III, curso de informática adaptado à terceira idade. A iniciativa vem mudando a realidade de vários idosos que buscam aprendizado, motivação e alegria.
Nesta tarde, foram entregues, no auditório do Museu Nacional, 315 certificados de alunos das Regiões Administrativas de Ceilândia, Cruzeiro, Paranoá, Núcleo Bandeirante, Plano Piloto, Taguatinga, Guará II, Samambaia, Sobradinho, Recanto das Emas, Lúcio Costa, São Sebastião e Gama.

Incentivada pelo marido, Marly Daniel de Sabóia, 70 anos, aluna do pólo de Sobradinho, acabou se rendendo à curiosidade em fazer o curso. No primeiro momento, ela conta que teve que superar as dificuldades em usar o computador e todas as ferramentas. “Com o curso, acredito que tenho mais qualidade de vida e motivação. Até a minha auto-estima melhorou. Com o tempo, os problemas vão diminuindo e vai ficando cada vez mais prazeroso aprender”, conta.

Para Marly, o mais complicado foi dominar o e-mail.  “Meus filhos me incentivaram para eu aprender a trocar e-mails. Agora tenho mais um meio de comunicação para conversar com eles”. Marly conta que as amizades que fez durante o curso também foram muito importantes e afirma que quer continuar aprendendo. “Meus amigos de turma fizeram uma camiseta para receber os certificados. A frase ‘Inclusão digital não tem idade’ foi escolhida para estampar, porque resume o que sentimos”, afirma.

Criado em 2007, o DF Digital é promovido pela SECT, em parceria com a Fundação Gonçalves Lêdo (FGL). O subsecretário da SECT, Sílvio Sakata, diz que os cursos oferecidos pelo programa visam principalmente à qualificação profissional. “Queremos que todos tenham acesso à internet e que saibam usar os programas do computador”, explica. “Dessa forma terão mais facilidade na inserção no mercado de trabalho.”

O DF Digital oferece mais de 50 cursos. No total, são 102 pólos espalhados pelo Distrito Federal, com o intuito de oferecer gratuitamente cursos de qualificação profissional, informática e internet.  O Governo do Distrito Federal (GDF) tem trabalhado em parceria com a SECT para a ampliação do programa.